sexta-feira, 21 de setembro de 2012

UMA QUESTÃO MORAL

 
 
 
Posso votar no PT?[1]
(uma questão moral)
1. Existe algum partido da Igreja Católica?
A Igreja, justamente por ser católica, isto é, universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se confunde de modo algum com a comunidade política”[2] e admite que os cidadãos tenham “opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”[3].
2. Então os fiéis católicos podem-se filiar a qualquer partido?
Não. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender atentados contra a lei moral, como o aborto e o casamento de pessoas do mesmo sexo. “Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”[4].
3. O Partido dos Trabalhadores (PT) defende algum atentado contra a lei moral?
Sim. No 3º Congresso do PT, ocorrido entre agosto e setembro de 2007, foi aprovada a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público”[5].
4. Todo político filiado ao PT é obrigado a acatar essa resolução?
Sim. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista, que “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §1º[6]).
5. Que ocorre se o político contrariar uma resolução do Partido como essa, que apoia o aborto?
Em tal caso, ele “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §2º). Em 17 de setembro de 2009, dois deputados foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto[7].
6. O PT agiu mal ao punir esses dois deputados?
Agiu mal, mas agiu coerentemente. Sendo um partido abortista, o PT é coerente ao não tolerar defensores da vida em seu meio. A mesma coerência devem ter os cristãos não votando no PT.
7. Mas eu conheço abortistas que pertencem a outros partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM…
Os políticos que pertencem a esses partidos podem ser abortistas por opção própria, mas não por obrigação partidária. Ao contrário, todo político filiado ao PT está comprometido com o aborto.
8. Talvez haja algum político que se tenha filiado ao PT sem prestar atenção ao compromisso pró-aborto que estava assinando…
Nesse caso, é dever do político pró-vida desfiliar-se do PT, após ter verificado o engano cometido.
9. Que falta comete um cristão que vota em um candidato de um partido abortista, como o PT?
Se o cristão vota no PT consciente de tudo quanto foi dito acima, comete pecado grave, porque coopera conscientemente com um pecado grave.
O Catecismo da Igreja Católica ensina sobre a cooperação com o pecado de outra pessoa: “O pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: participando neles direta e voluntariamente; mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados; não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; protegendo os que fazem o mal”[8]. Ora, quem vota no PT, de fato aprova, ou seja, contribui com seu voto para que possa ser praticado o que constitui um pecado grave.
Em síntese:
Um cristão não pode apoiar com seu voto um candidato comprometido com o aborto:
– ou pela pertença a um partido que obriga o candidato a esse compromisso (é o caso do PT)
– ou por opção pessoal.
Extraído da edição n. 133 do boletim “Aborto. Faça alguma coisa pela vida”, do Pró-Vida de Anápolis, publicada em 12 de junho de 2010. Foram atualizadas as citações, de acordo com o novo Estatuto do PT, assim como os endereços da Internet.


Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 76.


Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 75.


Catecismo da Igreja Católica, n. 2246, citando “Gaudium et Spes, n. 76.


Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in: http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf


Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Redação final aprovada pelo Diretório Nacional em 09/02/2012, in:http://www.pt.org.br/arquivos/ESTATUTO_PT_2012_-_VERSAO_FINAL.pdf


DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso, 17 set. 2009, in:http://pt.jusbrasil.com.br/politica/3686701/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso

Catecismo da Igreja Católica, n. 1868.

O aborto e suas consequências para a sociedade


 O aborto é uma grande violência contra a mulher e contra a vida do bebê. Nenhuma mulher fica levemente grávida, moderadamente grávida ou intensamente grávida. A mulher está grávida ou não. K. E. Von Baer, em 1827, observou o zigoto em divisão na tuba uterina, constatando que a vida humana tem início na fecundação. Magdalena Goetz, em 2012, conseguiu marcar as células que desenvolverão o cérebro no sétimo dia do desenvolvimento.

Com os estudos sobre a formação das vias neuronais de percepção e resposta à dor, sabe-se hoje que o feto sente dor de forma mais intensa e mais prolongada do que o adulto! Sabe-se que o feto começa a sugar com nove semanas de desenvolvimento; aos quatro meses ouve a voz materna e logo após o nascimento pode distingui-la entre cem outras. Os fetos adoram ouvir música clássica, preferem Mozart e Vivaldi. Através da observação dos movimentos cardíacos e respiratórios, constatou-se que embriões e fetos reagem a situações de pânico e medo.


Nunca existirá abortamento seguro, mesmo o realizado em hospitais. O aborto é um procedimento invasivo, e, como tal, tem riscos de insucesso, e insucesso não é erro médico. Os riscos biológicos do abortamento para a mulher, dentre outros, são: risco de perfuração uterina com retirada do útero e consequente esterilidade; risco de lesão das trompas, alças intestinais e bexiga; risco de hemorragias com sangramento e necessidade de transfusão de sangue; risco de infecção hospitalar, podendo levar a morte.


O aborto é um procedimento traumático, afeta a saúde mental da mulher; produz um “luto incluso”, um luto não autorizado, devido à negação da ocorrência de uma morte real. A mulher sofre um choque e uma perda, e sua dor emocional é escondida; favorecendo o surgimento da Síndrome Traumática Pós-Aborto, com sintomas do tipo: tendências suicidas; lembranças da experiência do aborto; pesadelos sobre o bebê; aumento do uso de psicotrópicos, bebidas alcoólicas e fumo; distúrbios na alimentação; raiva contra si mesma e contra os que estimularam ou favoreceram o aborto; aversão ao parceiro; dificuldade de manter relacionamento; tristeza; depressões que não respondem aos fármacos etc.


Eleja um candidato que se comprometa em cuidar da vida da mulher e do bebê desde a fecundação; que seja contra o aborto. A vida é um bem indisponível. Seu voto vale uma vida!

Eliane Oliveira
Pediatra neonatologista, profa. da Faculdade de Medicina (UFC) e doutora em Educação

Fonte: http://www.opovo.com.br/